Pesquisar
Close this search box.

Nossa História

Capitania do Espírito Santo

Por carta régia datada de 1º de janeiro de 1534, foi à capitania doada por D. João III, Rei de Portugal ao fidalgo Português Vasco Fernandes Coutinho, como prêmio aos seus feitos valiosos em campanha na África e Ásia. Vasco Fernandes Coutinho tomou posse em 23 de maio de 1535, domingo do Espírito Santo; daí o nome da capitania.

 

Capitania de São Tomé, Vila da Rainha e Limeira

Doada a Pero Góis da Silveira no ano de 1538 para colonização com abrangência até a foz do rio Managéa (Itabapoana) a margem sulina e proximidades.

67 anos após o descobrimento do Brasil, o interesse de franceses e holandeses em apropriarem indevidamente as terras descobertas, gera conflitos entre aqueles que primeiro se estabeleceram, neste caso, os portugueses. Batalhas são travadas para preservação e conquista de terras. Os índios Tupinambás e Tamoios juntam-se aos franceses, enquanto Puris Coroados e os temíveis Temiminós, chefiados por Araribóia, lutam bravamente ao lado dos portugueses que vencem o conflito, expulsando Nicolas Durand de Villegagnon das capitanias de São Tomé e Espírito Santo. E assim Araribóia funda as localidades de Carapina (ES) e Niterói (RJ).

O desbravamento da região se deve as missões dos jesuítas, em especial aos padres José de Anchieta e Almada que construíram o altar de “São Pedro Apóstolo” em 1579, que duraram exatos 200 anos até que toda missão fosse expulsa em 1759. Durante o período, a localidade “Vila da Rainha” surge cercada por intensa mata e etnias indígenas. A verdadeira localização da polêmica Vila da Rainha ainda é um grande mistério para pesquisadores e até mesmo arqueólogos da região Norte Fluminense. Se a Vila foi construída na ponta do Retiro, exatamente no encontro do Managéa (Itabapoana) com o mar ou aqui mesmo próximo à Cachoeira do Inferno, não posso afirmar por não possuir provas convincentes, mas o que aqui consta tem como base informações contidas no livro “Páginas de Nossa Vida”, do escritor Grinalson Francisco Medina.

Segundo relato feito pelo escritor, a Vila se estabeleceu do outro lado do Rio Managéa (Itabapoana), ou seja, nas terras do Estado do Rio de Janeiro e, exatamente do lado de cá ficam as terras de  Mimoso do Sul no Espírito Santo, onde mais tarde foi construído o Porto da Limeira do Itabapoana. Tudo leva a crer que uma Vila se estabeleceu à margem fluminense do rio e devido à dificuldade em transpor as corredeiras e cachoeiras do Managéa (Rio Itabapoana) denominada “Inferno”, seus desbravadores se viram obrigados a permanecer e o desenvolvimento aconteceu com a construção de engenho, igreja, porto fluvial para transporte da Vila a foz com oceano, pois grande parte do rio era navegável naquele tempo, além de casas (atualmente alicerces e restos destas ainda podem ser vistas por ali, tornando-se alvo de pesquisadores e arqueólogos do Estado do Rio de Janeiro).

A Vila prosperou com edificações importantes, mas muita intriga foi descoberta tempos atrás. Em escavações, pesquisadores encontraram uma extensa rua “Pé de Moleque”, estilo de São Pedro do Itabapoana (Mimoso do Sul). Diante do fato surge a dúvida: se a antiga Vila foi construída logo após o descobrimento do Brasil, pelo próprio Donatário da Capitania Pero de Gois da Silveira, o estilo de calçamento não pertence à época, mas teria sido somente empregado de 1760 a 1860, ou seja, 200 anos depois. Mas temos que prestar atenção e lembrar do Porto da Limeira que teve forte concentração comercial em meados da época e poderia ter sido agraciado com esta rua ajudando consideravelmente o movimento e oferecendo melhores condições aos moradores, trabalhadores e comerciantes.

Certamente os laços comerciais dos confrontantes eram harmônicos pelas dependências financeiras e mesmo que o Porto da Limeira tenha vindo anos depois da Vila, ainda ocorreu o comércio entre ambos. A Vila da Rainha teve vida curta devida à presença constante de índios que não se habituavam ao homem branco. Aliado a isso, toda a região era duramente atacada por mosquitos e as doenças infectocontagiosas malária, tifo e crupe dizimavam os moradores. Com a expulsão dos jesuítas e abandono dos moradores da Vila da Rainha, as terras do norte (lado capixaba) foram arrematadas em hasta pública pelo Capitão Antonio Pereira da Silva Viana, em 1776, e o centro da atividade, na época ainda ficava por conta da Aldeia de Camapuana.

Desta forma um povoado iniciou-se na localidade denominada “Limeira” que logo se transformou em importante porto fluvial para transporte de café, madeira e grande rota para tráfego de escravos que utilizavam uma trilha passando por Dona América, com destino as grandes fazendas dos tempos dos coronéis e do ciclo do café. O porto situa-se quase na confluência do Rio São Pedro e transformou-se em ponto de contato entre mineiros, fluminenses e capixabas. Foi daí que tudo começou…

O Porto da Limeira fica em terras do atual município de Mimoso do Sul (ES), margem do Rio Managéa ou Itabapoana. Acredita-se que a malária foi o maior obstáculo para o desenvolvimento e assim seus desbravadores buscaram as terras altas para se estabelecerem, seguindo sempre em direção a nascente do Rio São Pedro e Rio Muqui do Sul, intitulado “Moschi” e na língua indígena significa: MOS (a pedra no campo ou no vasto horizonte, uma referência clara ao Pico dos Pontões, ponto culminante da região) e CHI (o espanto, a admiração, ou seja, a água que brota e segue pela terra). Estes rios são afluentes naturais do Rio Managéa e assim foram desbravando nossa região e seguindo sempre na direção norte/oeste pela margem.

 

O 1º Posseiro

Em 1º de setembro de 1837, aportou nesta zona o Senhor Francisco José Lopes da Rocha juntamente com sua família, tomando posse desde a Fazenda da Barra, altos de São Bento, altos de Conceição de Muqui, assentando a residência em “Santa Cruz”, próxima ao ribeirão afluente do Rio Moschi (Muqui do Sul) que passa próximo ao atual distrito de Santo Antonio do Muqui.

O posseiro era conhecido por sua coragem e enfrentou com bravura os ataques de índios e num desses confrontos foi atingido por uma flechada na barriga, tendo que ser conduzido por canoa em trajeto fluvial pelo Porto da Prata, Limeira e Barra de Itabapoana para tratamento na cidade de Campos dos Goytacazes.

No ano de 1852 os posseiros Manoel Joaquim Pereira, Inácio, Carlos, Mizael, Felisberto e Olímpio Ribeiro de Castro, Comendador Castanheira, Manoel João da Silva Oliveira, D. Ana Carapina de Oliveira, entre outros, se estabelecem nas terras altas bem às margens do ribeirão São Pedro, surgindo o povoado de São Pedro de Alcântara do Itabapoana, que rapidamente se transforma numa importante vila, atraindo novos moradores. O crescimento de São Pedro acontece de forma rápida e no ano de 1887 desmembra-se do território de Cachoeiro do Itapemirim para tornar-se município, ao qual foi sede até 1930, quando perdeu sua autonomia sendo transferida para a comunidade de Mimoso, elevada a categoria de cidade com a denominação de João Pessoa. Em 1943 passa a chamar-se definitivamente “Mimoso do Sul”.

 

Mimoso do Sul

O surgimento de Mimoso do Sul é ligado ao desbravamento do donatário da capitania do Espírito Santo e por jesuítas e exploradores que foram responsáveis pelo povoamento do sul do Espírito Santo. Assim concordamos com a tese do Dr. Olímpio José de Abreu em seu comentário na Revista “Mimoso do Sul – 1951” que denominou “Refluxo das Bandeiras”, ou seja, das várias correntes migratórias que endereçaram para a bacia do Itabapoana e Mimoso do Sul se localiza nela.

 

Qual a origem do nome Mimoso do Sul?

Não há uma definição específica ou certeza para o nome do município. Acredita-se em algumas hipóteses, como por exemplo, a extensão de todo o vale onde caprichosamente foi fixado nossa vila. A bela visão do ponto de observação nas direções oeste e leste é encantadora. Simpáticas e arredondadas montanhas formam um gigantesco corredor, serpenteado por rios e riachos, caprichosamente coloridos por um tapete verde espelhado, principalmente nas manhãs ensolaradas, vindo da região do Belmonte. Um vale gracioso! Belo Mimoso!

Outro fato é relacionado a localização geográfica (Hemisfério Sul) em que todos os navegantes tem como referência a constelação do Cruzeiro do Sul, perfeitamente visível. Umas constelação localizada em um dos braços da cruz é intitulada “Mimosa” e não é de se espantar que homens, há centenas de anos tinham conhecimento astronômicos e se interessavam por geografia. Quem sabe algum pioneiro por aqui sabendo dessa informação pode ter dedicado a este vale uma homenagem a estrela? Há ainda outra evidência, pois na região existia algumas árvores da espécie Jacarandá Mimoso (esse originário da Argentina, Bolívia e Peru em partes do sul do Brasil) e de alguma forma foi espalhado por nossa região. “Jacarandá Mimoso” também pode ter alguma ligação com o nome da cidade.

 

A compra da Fazenda Mimozo (com z)

No ano de 1852 o Capitão Pedro Ferreira da Silva, compra de José Lopes Diniz em Campos – RJ, junto ao tabelião José Francisco Correa, a Fazenda do Vale Mimozo, que tem suas terras desde a Fazenda Palestina até o Porto da Limeira.

O proprietário do vale, Capitão Pedro, a registra no arquivo público da província do Espírito Santo em 1865. Em 1896 recebe do Presidente do Espírito Santo Dr. Muniz Freire, a garantia de posse, já que a sede da fazenda havia se tornado Distrito de São Pedro do Itabapoana, em 1892. A primeira construção de peso da antiga Fazenda Mimozo foi o casarão do Capitão Pedro Ferreira da Silva e de sua esposa Dona Joana Felícia Paiva, em 1870.

De sua descendência temos o filho Antão Ferreira da Silva que se casou com Maria de Rezende da Silva, natural de São José do Calçado. Dessa relação tiveram os filhos Armilia, Amintha, Maria Josephina, Joana e Pedro Antão.

Antão Ferreira da Silva faleceu em 17 de novembro de 1896, no distrito de São João Batista – Nova Friburgo, onde fazia tratamento para curar a tuberculose.

Dos seus filhos temos os seguintes matrimônios com suas respectivas heranças:

Armilia casou-se com Misael Ferreira de Almeida (bens e imóveis e propriedades no Rio de Janeiro), tiveram dois filhos: Antão e Joana. Amintha casou-se com Cel. Nominato Ferreira da Silva (Fazenda da Serra) e tiveram uma filha: Maria da Conceição. Joanna casou-se com Dr. José Ribeiro Monteiro da Silva (região do Belmonte Alto e Baixo Pratinha, rua esta que recebeu seu nome) tiveram dois filhos que morreram ainda pequeninos. Maria Josephina casou-se com Cel. Gervásio Monteiro da Silva (São Gonçalo e Fazenda Mimozo) tiveram uma filha: Maria do Carmo.

Dona Maria do Carmo foi a herdeira natural da Fazenda Mimozo, casou-se com Victor Leite e dessa relação nasceram quatro filhos: Maria de Lourdes, Amelina, Hilda e Gil Leite. Os dois principais proprietários das terras de Mimoso do Sul, foram os irmãos José Ribeiro Monteiro da Silva e Gervásio Ribeiro Monteiro da Silva, que tinha apenas como separação de suas terras, o próprio trajeto do Rio Muqui do Sul, cuja divisão ficava estabelecida entre ambos: lado esquerdo Serra, São Gonçalo (atual subida para Santo Antonio, Poçitos, Jacutinga, São José e parte da Palestina como proprietário o Gervásio Monteiro. O lado direito, obedecendo à clara posição de frente ao norte Belmonte (Pratinha, Cedro, Pauliceia, Inhuma e Rancho Alegre pertenciam a Dr José Monteiro da Silva. São duas as ruas de Mimoso que os homenageiam: Rua da Pratinha e a rua após a passagem da linha férrea indo em direção a conhecida Ponte do Albano.

 

A Fazenda se torna uma Vila

E assim nosso lugar vem surgindo atraindo novos moradores que descobrem no plantio de café uma ótima opção de lucros e negócios. Com o desenvolvimento da fazenda que rapidamente se torna uma vila e com a abolição da escravatura em 13 de maio de 1888, a região começa receber a primeira levas de imigrantes italianos: a “Família Muffato” (Mofati) em 08 de setembro de 1888 conforme cita o Livro “A Imigração Italiana no Espírito Santo”. A família aloja próxima a Santo Antonio do Muqui, na Santa Cruz e mais tarde muda-se para a Fazenda Ubirajara (São Pedro).

 

Distrito de Mimoso

No ano de 07 de novembro de 1892 é criado o distrito de Mimoso pela junta governativa através de seus primeiros juízes distritais Dr. José Ribeiro Monteiro da Silva, Teófilo Ferreira da Silva, Augusto Vieira de Barros e Eudóxio Pena Caiado.

Com o desenvolvimento acelerado no novo distrito, comerciantes sírio-libaneses, portugueses e italianos se estabelecem atraídos pela atmosfera de cobiça, aliado a excelente topografia do local. Tudo isso torna-se mais acentuado com a chegada dos silvos da locomotiva da Companhia Estrada de Ferro Leopoldina Railway, que é inaugurada em 1º de julho de 1895, sendo a “Célula Mater” do lugar gerando preocupação aos ilustres moradores do então município de São Pedro do Itabapoana, acolhedor das mais importantes e influentes figuras do Espírito Santo.

São Pedro respirava literatura, letras e poesias aliado a um comércio extremamente desenvolvido. O local contava com padres, doutores, farmacêuticos, juízes, médicos, indústrias, engenhos, jornais, grandes fazendeiros e coronéis do ciclo do café colonial, núcleo político, entre outros.

Através do comércio de café e armazéns alojados ao redor, juntamente com o fluxo de passageiros na Estação Mimoso, o frenético movimento se expande cada vez mais e as construções de peso são notórias, como a Banqueta para beneficiamento de grãos e casarão da Família Leite, mercadão, igreja São Pedro e palacetes da Rua da Estação e na praça da cidade se destacam, aumentando a população do distrito.

A religiosidade se faz presente aos moradores da Fazenda Mimozo e no mês de março de 1923 é inaugurada a Igreja que foi chamada São José, padroeiro do lugar. Muitos se destacaram por atos de altruísmo, como a Exmª Srª  D. Maria Josefina de Rezende Silva na doação do terreno, fornecimento do material de pedras e tijolos. Dr José Monteiro da Silva doou o sino (no valor de 23.000$000 contos de reis) em dinheiro; Joaquim Gomes de Paiva forneceu as imagens de santos e formou altares. Cesar Ribeiro de Paiva e Joaquim de Paiva Gonçalves sempre solícitos nas incumbências que lhes foram confiadas.

Nos anos de 1920 e 1930 políticos de desprendimento como Joaquim Paiva Gonçalves (Vereador e Prefeito), Dr. José Coelho dos Santos, Pedro José Vieira, Nominato Paiva, Dr. Jason Martins, Dr. Carlos Cortês e outros, buscam meios para oferecer a população de Mimoso melhores condições de sobrevivência. Então é inaugurada o Sistema de Tratamento de Água e Esgoto, inauguração do Telégrafo, agência bancária, calçamentos, iluminação, praças, jardins e outros.

 

A Tomada de São Pedro

Em 02 de novembro de 1930 (Finados) ocorre um dos episódios mais importantes para os moradores de Mimoso e fatídico para os são pedrenses Uma caravana com 13 caminhões e homens armados, chefiada pela autoridade do Sr. Waldemar Garcia de Freitas, que dizendo ser emissário de força superior, posta em cada repartição (agência do correio, cartório, prédio da prefeitura, cadeia pública e outros) e retira todos os documentos da comarca (através de Decreto nº 113 de 26/11/1930 e 3.468 de 1933), os leva para o núcleo dos revolucionários instalados na Estação Ferroviária de Mimoso, que na posse dos referidos documentos passa a categoria de cidade, ficando assim o extinto São Pedro do Itabapoana subordinado aos seus comandos.

 

Mimoso ganha a patente de município recebendo o nome de João Pessoa

O distrito de Mimoso ganha a patente de Município e passa a chamar-se “João Pessoa”, sendo nomeado o Sr. Pedro José Vieira como interventor pela junta governativa. E depois torna-se o primeiro prefeito eleito de Mimoso do Sul pelo Partido da Lavoura, seguindo até 09/10/1943. Durante a gestão do então prefeito Pedro José Vieira, o mesmo ao se candidatar a prefeito, foi obrigado a se ausentar de suas funções. E em 1935, Luiz Ferreira Lima Freitas torna-se prefeito de João Pessoa. Surgem períodos de grandes transformações  com construções importantes como: pontes de cimento armado, novas iluminações urbanas, aquisição de prédio para fórum e prefeitura, armazéns de café, edificações, escolas, modernas igrejas, pontos comerciais, praças, jardins, agência do Banco do Brasil, entre outras.

 

Mimoso do Sul

O recém criado município de João Pessoa tem vida curta, pois através do Decreto Estadual 15.177 de 31/12/1943 definem novo nome para a cidade, que passa a chamar-se Mimoso do Sul com seus respectivos distritos: São Pedro do Itabapoana, Conceição de Muqui, Bonsucesso, Apiacá, Iurú, Santo Antonio do Muqui, Ponte do Itabapoana, Dona América e São José das Torres.

 

TEXTO E ARQUIVO FOTOGRÁFICO DE RENATO PIRES MOFATI

Institucional

Destaque

Pular para o conteúdo